Episódios inéditos às sextas-feiras

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Ep 04 - I'm Moving On


            “Bolsa cancelada”
            Os dizeres em vermelho eram bem específicos na carta que a universidade mandara entregar na casa dos irmãos Monroy. James foi o mais rápido, pegando-as e escondendo de Chad debaixo do sofá. Ele não queria ou precisava do irmão preocupado com a sua situação com a escola nesse momento.
            -James, eu já vou pra escola. Você vai agora ou vai esperar o Travis? – Chad perguntou parado na soleira da porta com a mochila nas costas.
            -Isso mesmo, vou esperar o Travis... – e ele deu a volta no sofá até a porta e começou a empurrar o irmão pela porta afora – acho melhor você ir antes que fique tarde, a gente se vê na hora do almoço. Até mais...
            James fechou a porta e ficou espiando do olho mágico enquanto via o irmão se afastar da porta, ainda olhando para trás, e com um olhar preocupado no rosto. “Não adianta”, ele pensou, “cedo ou tarde ele vai descobrir. O Chad é bastante esperto”.
            O som do seu celular tocando fez James perder a linha de pensamento “Travis Spencer”, dizia o identificador de chamadas.
            -Fala Tra... – James mal terminou de completar a frase, quando a voz eufórica de Travis o fez se calar na hora.
            -Cara, to quase na sua casa, acabei de ter uma idéia que vai te ajudar bastante.
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             -Ai meninas, eu juro que não to aguentando mais essa vida de universitária, é muito desgastante – disse Claire, assim que ela e as suas colegas saíram de casa.
            -Eu to achando super fácil aqui, achei que seria muito pior – Sophia respondeu, com ar de pensativa, enquanto trancava a porta de casa.
            -Claro né Sophia, como uma nerd como você iria achar isso difícil? É bastante irônico, não acha? – disse Jennifer.
            As três riram e começaram a fazer o percurso até a faculdade. No caminho, elas passaram no Brandford Café e compraram expressos. Mais à frente, elas viram dois garotos aparecerem na calçada, e, depois de verem quem ia se aproximando, eles acenaram.
            Jennifer olhou para as amigas e soltou um risinho.
            -Agora as duas apaixonadas me esquecem né, já to vendo isso.
            -Jamais nós iremos fazer isso – disse Claire, enquanto passava o braço pelos ombros de Jennifer – a menos que você comece a implicar com nós.
            Jennifer riu.
            -Vou me lembrar disso.
            As três se aproximaram dos rapazes e Sophia foi em direção a um, enquanto Claire ao outro.
            -Oi Nathan – disse Claire, abraçando o garoto.
            -Oi Claire.
            Matt estava abraçado a Sophia, sorrindo. Depois dos abraços, os garotos cumprimentaram Jennifer.
            -Bom, vamos? – perguntou Sophia a Matt.
            -Sim, vamos só esperar o outro cara que mora com a gente sair e nós iremos.
            Mal Matt acabou de falar e o barulho da porta se fechando foi ouvida. Em um impulso, Jennifer virou o rosto em direção ao barulho e estacou, com um olhar incrédulo naquela direção. Quando ele começou a se virar, ela ficou ainda mais boquiaberta.
            Era David, o terceiro morador da casa.
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            Aquele não era o dia de sorte de Sarah, não mesmo. Após queimar o dedo com café quente naquela manhã, a gasolina de seu carro acabou a cerca de dez minutos da faculdade. E quando ela foi entrar no seu escritório... onde estavam as chaves? Ela pegou um táxi e voltou até seu loft, subindo as escadas até o seu andar correndo.
            Ela abriu a porta e correu até sua escrivaninha, pegando as chaves que estavam em cima dela. Quando ela estava prestes a sair, ouviu o barulho do chuveiro sendo desligado. Paralisada de medo, com os olhos vidrados na porta do banheiro, ela viu a porta sendo aberta e a sua surpresa não poderia ter sido melhor, já que ela não esperava que ele estivesse ali.
            -Tyler, que saudade.
            Ela correu até o namorado e o abraçou, o beijando logo em seguida.
            -Oi minha linda – ele disse, com um sorriso no rosto – surpresa?
            -Muito, eu não esperava de te ver aqui hoje.
            -Pois é, consegui resolver tudo mais rápido que pensei e voltei. Gostou da surpresa?
            Sarah o empurrou em cima da cama e subiu por cima dele.
            -Bastante.
            E se inclinou, voltando a beijar Tyler. Mas a buzina do táxi a tirou daquele momento que ela tanto esperava, levando-a de volta a realidade.
            -Desculpa, eu vou ter que ir embora, tenho que trabalhar hoje. Espere por mim – e piscou um olho. Ela levantou e saiu correndo, gritando ao se aproximar da porta – aproveita e durma. E peça o jantar antes que eu chegue. Eu te amo - e o som da porta sendo fechada foi ouvido por Tyler.
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            Vanessa e Ashley estavam sentadas em uma mesa de piquenique, que estavam espalhadas em volta do campus. As duas haviam comprado café e biscoitos, e enquanto comiam, Ashley mostrava alguns esboços que ela havia feito na sua aula de Design.
            -Esses modelos estão lindos Ashley, não sabia que você desenhava tão bem assim.
            Ashley tomou um longo gole de seu café antes de responder.
            -Obrigada, eu estou louca é pra chegar as aulas de costura, quero fazer cada um desses modelos.
            -E vai deixar eu usar eles também? – o olhar de Vanessa era bastante esperançoso.
            -Os que eu não gostar, sim, claro que eu deixo.
            E as duas riram. Vanessa acabou de ver os desenhos e os guardou na pasta, entregando a Ashley, que os colocou na bolsa.
            -Ta quase na hora da nossa aula, vamos? – disse Vanessa, se levantando.
            -Vamos sim.
            As duas jogaram as embalagens vazias no lixo e se levantaram, começando a caminhar em direção aos prédios do curso que cada uma fazia. Conforme iam andando, Ashley ia olhando de um lado para o outro, como se estivesse procurando algo... ou alguém.
            -Eu sei, eu também não estou vendo ele por aqui desde segunda.
            Ashley parou, com a testa franzida, enquanto olhava para a amiga.
            -Não se faça de boba Ash, eu reparei você com esse olhar desde segunda quando a gente estava voltando pra casa e só podia ter uma explicação: você estava esperando ver o James em algum lugar da faculdade ou da cidade.
            -Vanessa, você me assusta com essas observações, sério.
            Vanessa riu.
            -Mas e então, você falou com ele depois de sábado?
            -Não, não falei. Depois do que houve eu estou meio que sem jeito de falar com ele.
            -Pra quem fez o que fez ficar com vergonha é meio irônico, não acha?
            -É irônico, mas não é você que tem que se preocupar se está ou não grávida.
            Vanessa estancou, com uma expressão assustada em seu rosto.
            -Você acha que está grávida?
            Ashley passou as duas mãos pelo rosto, um gesto de impaciência.
            -Não, eu não estou grávida. E anda rápido, vamos embora, não quero me atrasar.
-
            Três batidas na porta foram dadas, tirando Scott da concentração em que ele se encontrava enquanto resolvia um pequeno problema bancário.
            -Entre.
            A porta se abriu e Justin entrou, com uma expressão confusa no rosto.
            -O que houve garoto?
            -Acho que você esqueceu de me colocar na lista de estudantes que precisavam de moradia tio, meu nome não ta em nenhuma propriedade da faculdade.
            Scott arregalou os olhos.
            -Claro que não esqueci, seu nome estava em uma casa, vou conferir – Scott então acessou a pasta de alunos que moravam em repúblicas e procurou a que havia visto o nome do sobrinho a uns dias atrás. Ao achar, sua expressão mudou completamente – isso é muito estranho...
            -O que foi tio?
            -Você foi tirado da casa, um tal de David Willians é que está no seu lugar.
            -O que? Como isso aconteceu?
            Scott se levantou.
            -Não sei, mas vou descobrir agora. Me espere aqui.
-
            O envelope estava em cima da escrivaninha, e o reitor Longwild não tirava os olhos dele nem por um minuto, com um sorriso malicioso no rosto. Ele o pegou e retirou o conteúdo que estava dentro dele, com apenas um destino para o que estava lá dentro. Que beleza! Nada como um dinheiro extra para cuidar da minha vida pessoal”, foi o primeiro pensamento dele, ao pegar aquele cheque preenchido com um valor tão grande, no domingo à tarde.
Foi algo inacreditável, primeiro porque ele não acreditou quando viu Daniel Rawson parado na porta de sua casa, pronto para ter uma conversa séria com o reitor Longwild. Apenas para encaixar um adolescente no curso que ele tivesse interesse e o colocasse em alguma república qualquer, resultado: uns bons milhares de dólares que ele pediu em troca desse favor.
Após escutar três batidas na porta e se assustando, Longwild guardou o cheque no envelope, colocando-o em seguida em uma gaveta.
-Pode entrar.
E Scott abriu a porta, entrou e se sentou em uma das cadeiras que ficavam na frente da mesa do reitor.
-Sebastian, acho que houve um erro na relação de alunos por repúblicas. Meu sobrinho não esta mais designado à casa de quando ele fez a matrícula.
-Quem foi que está no lugar dele?
-David Willians.
Longwild ficou surpreso ao ouvir esse nome e sentiu que estava ficando pálido, mas conseguiu disfarçar. Ele havia trocado a pessoa errada de lugar, justo alguém ligado à Scott Reeves.
-Olha, deve ter tido algum erro de distribuição. Anote o nome do seu sobrinho aqui e do garoto que está no lugar dele que assim que eu tiver um tempo eu vou conferir – disse ele, enquanto entregava a Scott uma folha e uma caneta.
-Você ta bem Sebastian? Está um pouco pálido – perguntou Scott, enquanto escrevia.
-Estou ótimo, obrigado.
Scott entregou o papel de volta ao reitor e se levantou.
-Espero uma resposta o mais rápido possível.
E se levantou, caminhando em direção a porta. Ele nem escutou o suspiro de alívio que o reitor Longwild soltou quando Scott saiu da sala.
Scott voltou ao seu escritório e encontrou Justin sentando, mexendo no celular.
-E o que houve? – Justin perguntou.
-Parece que houve um erro, mas ele vai consertar o mais rápido.
-E aonde eu vou ficar durante esse tempo?
Scott suspirou, e olhou para o garoto.
-Você vai voltar pra minha casa até isso se resolver.
-
            Jennifer havia acabado de sair do prédio de Artes Cênicas quando escutou uma voz familiar vindo de trás dela.
            -A gente precisa conversar.
            Ela se virou, encarando David.
            -Conversar o que David? Já expliquei tudo o que tinha que explicar pra você.
            -A gente vai ficar nisso Jenn? Você sabe que eu gosto de você e eu não to suportando ficar sem você.
            A gargalhada dela foi algo que David não esperava.
            -Ficar sem mim? Você tem certeza?
            David assentiu.
            -Muito irônico isso não acha? Primeiro é uma punhalada pelas costas e agora vem falar que não agüenta ficar se mim. David, por favor, eu só te peço um favor: me esquece tá, eu não quero nada mais com você. E se você não reparou, eu já segui em frente.
            Jennifer então se virou e desceu a escadaria do prédio, deixando David sozinho para trás, ainda incrédulo por tudo o que havia acabado de ouvir.
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            -Time de basquete Travis?
            James estava no vestiário do ginásio, colocando o uniforme do time da faculdade, os Bloody Bats de Brandford.
            -Fica esperto James, além de bolsa de estudos você ganha 5% das notas em todos os semestres.
            James jogou sua blusa no amigo.
            -Mas eu não sou bom de basquete.
            Travis tirou a blusa e se levantou, andando em direção a porta do vestiário.
            -Boa viagem de volta pra casa então.
            James se sentiu estranho por ouvir isso, e acabou pensando que isso era o certo, não havia outra maneira de ganhar outra bolsa.
            -Ok Travis, eu faço o teste.
            Travis se virou sorrindo.
            -É muito simples: você joga a bola no quadrado pintado na cesta, não tem erro. E não se preocupe com o treino físico, você consegue passar.
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            Eram vinte e cinco garotos disputando as doze vagas para o time. Eles começaram com uma pilha de exercícios físicos, que foi se intensificando aos poucos, e depois para o teste das cestas e alguns passes simples.
            James conseguiu segurar bem nos exercícios, e fazer seis cestas das dez de que precisava, e também realizou os passes, mesmo que demonstrando inexperiência, foi até melhor do que muitos que estavam lá.
            Era cerca de onze da noite quando ele chegou em casa, muito cansado depois do esforço físico que fez. Ele tomou um banho rápido e, ao passar, pela porta do quarto de Chad, reparou que o irmão dormia profundamente. James pôs a calça do pijama e deitou na cama, adormecendo logo em seguida.
-
            Mal eram sete horas da manhã e já havia um louco correndo até o ginásio, pronto para ver se havia sido aceito no time ou não. James mal havia dormido na noite anterior, tamanha era sua anciedade em saber se havia sido aceito ou não.
            Ele foi correndo até o mural, esperando ver seu nome na lista que o treinador fixou na parede um pouco mais cedo. James chegou arfando, tentando se acalmar antes de conferir a lista. Mal começou a ler e ele ficou boquiaberto. “Não, isso não pode ser verdade”, foi seu primeiro pensamento ao ver seu nome.
            Escrito em negrito, estava bastante fácil ler o que estava na folha: “Monroy, James – Aceito
            Ele estava no time de basquete. Ele voltou a ter a bolsa de estudos. Ele teria uma facilidade nas notas que os outros não teriam.
            Sim, James Monroy iria continuar em Brandford. Mesmo que isso significasse não saber jogar basquete muito bem.
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No próximo episódio de "Behind The Books"
"-Que tal se eu te pagar um café e então você esquece isso?"
"E aqueles cinco minutos de espera foram mais longos do que ela gostaria... ou precisava"
"-Eu não sei, mas algo me diz que tem muito mais coisa por detrás dessa história do que nós possamos imaginar."
-
Personagem recorrente do episódio:


Tyller Miller

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