“Bolsa cancelada”
Os
dizeres em vermelho eram bem específicos na carta que a universidade mandara
entregar na casa dos irmãos Monroy. James foi o mais rápido, pegando-as e
escondendo de Chad debaixo do sofá. Ele não queria ou precisava do irmão
preocupado com a sua situação com a escola nesse momento.
-James,
eu já vou pra escola. Você vai agora ou vai esperar o Travis? – Chad perguntou
parado na soleira da porta com a mochila nas costas.
-Isso
mesmo, vou esperar o Travis... – e ele deu a volta no sofá até a porta e
começou a empurrar o irmão pela porta afora – acho melhor você ir antes que
fique tarde, a gente se vê na hora do almoço. Até mais...
James
fechou a porta e ficou espiando do olho mágico enquanto via o irmão se afastar
da porta, ainda olhando para trás, e com um olhar preocupado no rosto. “Não
adianta”, ele pensou, “cedo ou tarde ele vai descobrir. O Chad é bastante
esperto”.
O
som do seu celular tocando fez James perder a linha de pensamento “Travis
Spencer”, dizia o identificador de chamadas.
-Fala
Tra... – James mal terminou de completar a frase, quando a voz eufórica de
Travis o fez se calar na hora.
-Cara,
to quase na sua casa, acabei de ter uma idéia que vai te ajudar bastante.
-
-Ai meninas, eu juro que não to aguentando
mais essa vida de universitária, é muito desgastante – disse Claire, assim que
ela e as suas colegas saíram de casa.
-Eu
to achando super fácil aqui, achei que seria muito pior – Sophia respondeu, com
ar de pensativa, enquanto trancava a porta de casa.
-Claro
né Sophia, como uma nerd como você iria achar isso difícil? É bastante irônico,
não acha? – disse Jennifer.
As
três riram e começaram a fazer o percurso até a faculdade. No caminho, elas
passaram no Brandford Café e compraram expressos. Mais à frente, elas viram
dois garotos aparecerem na calçada, e, depois de verem quem ia se aproximando,
eles acenaram.
Jennifer
olhou para as amigas e soltou um risinho.
-Agora
as duas apaixonadas me esquecem né, já to vendo isso.
-Jamais
nós iremos fazer isso – disse Claire, enquanto passava o braço pelos ombros de
Jennifer – a menos que você comece a implicar com nós.
Jennifer
riu.
-Vou
me lembrar disso.
As
três se aproximaram dos rapazes e Sophia foi em direção a um, enquanto Claire
ao outro.
-Oi
Nathan – disse Claire, abraçando o garoto.
-Oi
Claire.
Matt
estava abraçado a Sophia, sorrindo. Depois dos abraços, os garotos
cumprimentaram Jennifer.
-Bom,
vamos? – perguntou Sophia a Matt.
-Sim,
vamos só esperar o outro cara que mora com a gente sair e nós iremos.
Mal
Matt acabou de falar e o barulho da porta se fechando foi ouvida. Em um
impulso, Jennifer virou o rosto em direção ao barulho e estacou, com um olhar
incrédulo naquela direção. Quando ele começou a se virar, ela ficou ainda mais
boquiaberta.
Era
David, o terceiro morador da casa.
-
-
Aquele
não era o dia de sorte de Sarah, não mesmo. Após queimar o dedo com café quente
naquela manhã, a gasolina de seu carro acabou a cerca de dez minutos da
faculdade. E quando ela foi entrar no seu escritório... onde estavam as chaves?
Ela pegou um táxi e voltou até seu loft, subindo as escadas até o seu andar
correndo.
Ela
abriu a porta e correu até sua escrivaninha, pegando as chaves que estavam em
cima dela. Quando ela estava prestes a sair, ouviu o barulho do chuveiro sendo
desligado. Paralisada de medo, com os olhos vidrados na porta do banheiro, ela
viu a porta sendo aberta e a sua surpresa não poderia ter sido melhor, já que
ela não esperava que ele estivesse ali.
-Tyler,
que saudade.
Ela
correu até o namorado e o abraçou, o beijando logo em seguida.
-Oi
minha linda – ele disse, com um sorriso no rosto – surpresa?
-Muito,
eu não esperava de te ver aqui hoje.
-Pois
é, consegui resolver tudo mais rápido que pensei e voltei. Gostou da surpresa?
Sarah
o empurrou em cima da cama e subiu por cima dele.
-Bastante.
E
se inclinou, voltando a beijar Tyler. Mas a buzina do táxi a tirou daquele
momento que ela tanto esperava, levando-a de volta a realidade.
-Desculpa,
eu vou ter que ir embora, tenho que trabalhar hoje. Espere por mim – e piscou
um olho. Ela levantou e saiu correndo, gritando ao se aproximar da porta –
aproveita e durma. E peça o jantar antes que eu chegue. Eu te amo - e o som da
porta sendo fechada foi ouvido por Tyler.
-
Vanessa
e Ashley estavam sentadas em uma mesa de piquenique, que estavam espalhadas em
volta do campus. As duas haviam comprado café e biscoitos, e enquanto comiam,
Ashley mostrava alguns esboços que ela havia feito na sua aula de Design.
-Esses
modelos estão lindos Ashley, não sabia que você desenhava tão bem assim.
Ashley
tomou um longo gole de seu café antes de responder.
-Obrigada,
eu estou louca é pra chegar as aulas de costura, quero fazer cada um desses
modelos.
-E
vai deixar eu usar eles também? – o olhar de Vanessa era bastante esperançoso.
-Os
que eu não gostar, sim, claro que eu deixo.
E
as duas riram. Vanessa acabou de ver os desenhos e os guardou na pasta,
entregando a Ashley, que os colocou na bolsa.
-Ta
quase na hora da nossa aula, vamos? – disse Vanessa, se levantando.
-Vamos
sim.
As
duas jogaram as embalagens vazias no lixo e se levantaram, começando a caminhar
em direção aos prédios do curso que cada uma fazia. Conforme iam andando,
Ashley ia olhando de um lado para o outro, como se estivesse procurando algo...
ou alguém.
-Eu
sei, eu também não estou vendo ele por aqui desde segunda.
Ashley
parou, com a testa franzida, enquanto olhava para a amiga.
-Não
se faça de boba Ash, eu reparei você com esse olhar desde segunda quando a
gente estava voltando pra casa e só podia ter uma explicação: você estava esperando
ver o James em algum lugar da faculdade ou da cidade.
-Vanessa,
você me assusta com essas observações, sério.
Vanessa
riu.
-Mas
e então, você falou com ele depois de sábado?
-Não,
não falei. Depois do que houve eu estou meio que sem jeito de falar com ele.
-Pra
quem fez o que fez ficar com vergonha é meio irônico, não acha?
-É
irônico, mas não é você que tem que se preocupar se está ou não grávida.
Vanessa
estancou, com uma expressão assustada em seu rosto.
-Você
acha que está grávida?
Ashley
passou as duas mãos pelo rosto, um gesto de impaciência.
-Não,
eu não estou grávida. E anda rápido, vamos embora, não quero me atrasar.
-
-
Três
batidas na porta foram dadas, tirando Scott da concentração em que ele se
encontrava enquanto resolvia um pequeno problema bancário.
-Entre.
A
porta se abriu e Justin entrou, com uma expressão confusa no rosto.
-O
que houve garoto?
-Acho
que você esqueceu de me colocar na lista de estudantes que precisavam de
moradia tio, meu nome não ta em nenhuma propriedade da faculdade.
Scott
arregalou os olhos.
-Claro
que não esqueci, seu nome estava em uma casa, vou conferir – Scott então
acessou a pasta de alunos que moravam em repúblicas e procurou a que havia
visto o nome do sobrinho a uns dias atrás. Ao achar, sua expressão mudou
completamente – isso é muito estranho...
-O
que foi tio?
-Você
foi tirado da casa, um tal de David Willians é que está no seu lugar.
-O
que? Como isso aconteceu?
Scott
se levantou.
-Não
sei, mas vou descobrir agora. Me espere aqui.
-
O
envelope estava em cima da escrivaninha, e o reitor Longwild não tirava os
olhos dele nem por um minuto, com um sorriso malicioso no rosto. Ele o pegou e
retirou o conteúdo que estava dentro dele, com apenas um destino para o que
estava lá dentro. Que beleza! Nada como um dinheiro extra para cuidar da minha
vida pessoal”, foi o primeiro pensamento dele, ao pegar aquele cheque
preenchido com um valor tão grande, no domingo à tarde.
Foi algo
inacreditável, primeiro porque ele não acreditou quando viu Daniel Rawson
parado na porta de sua casa, pronto para ter uma conversa séria com o reitor
Longwild. Apenas para encaixar um adolescente no curso que ele tivesse
interesse e o colocasse em alguma república qualquer, resultado: uns bons
milhares de dólares que ele pediu em troca desse favor.
Após escutar
três batidas na porta e se assustando, Longwild guardou o cheque no envelope,
colocando-o em seguida em uma gaveta.
-Pode
entrar.
E Scott
abriu a porta, entrou e se sentou em uma das cadeiras que ficavam na frente da
mesa do reitor.
-Sebastian,
acho que houve um erro na relação de alunos por repúblicas. Meu sobrinho não
esta mais designado à casa de quando ele fez a matrícula.
-Quem foi
que está no lugar dele?
-David
Willians.
Longwild
ficou surpreso ao ouvir esse nome e sentiu que estava ficando pálido, mas
conseguiu disfarçar. Ele havia trocado a pessoa errada de lugar, justo alguém
ligado à Scott Reeves.
-Olha, deve
ter tido algum erro de distribuição. Anote o nome do seu sobrinho aqui e do
garoto que está no lugar dele que assim que eu tiver um tempo eu vou conferir –
disse ele, enquanto entregava a Scott uma folha e uma caneta.
-Você ta bem
Sebastian? Está um pouco pálido – perguntou Scott, enquanto escrevia.
-Estou
ótimo, obrigado.
Scott
entregou o papel de volta ao reitor e se levantou.
-Espero uma
resposta o mais rápido possível.
E se
levantou, caminhando em direção a porta. Ele nem escutou o suspiro de alívio
que o reitor Longwild soltou quando Scott saiu da sala.
Scott voltou
ao seu escritório e encontrou Justin sentando, mexendo no celular.
-E o que
houve? – Justin perguntou.
-Parece que
houve um erro, mas ele vai consertar o mais rápido.
-E aonde eu
vou ficar durante esse tempo?
Scott
suspirou, e olhou para o garoto.
-Você vai
voltar pra minha casa até isso se resolver.
-
Jennifer
havia acabado de sair do prédio de Artes Cênicas quando escutou uma voz
familiar vindo de trás dela.
-A
gente precisa conversar.
Ela
se virou, encarando David.
-Conversar
o que David? Já expliquei tudo o que tinha que explicar pra você.
-A
gente vai ficar nisso Jenn? Você sabe que eu gosto de você e eu não to
suportando ficar sem você.
A
gargalhada dela foi algo que David não esperava.
-Ficar
sem mim? Você tem certeza?
David
assentiu.
-Muito
irônico isso não acha? Primeiro é uma punhalada pelas costas e agora vem falar
que não agüenta ficar se mim. David, por favor, eu só te peço um favor: me
esquece tá, eu não quero nada mais com você. E se você não reparou, eu já segui
em frente.
Jennifer
então se virou e desceu a escadaria do prédio, deixando David sozinho para
trás, ainda incrédulo por tudo o que havia acabado de ouvir.
-
-Time
de basquete Travis?
James
estava no vestiário do ginásio, colocando o uniforme do time da faculdade, os Bloody
Bats de Brandford.
-Fica
esperto James, além de bolsa de estudos você ganha 5% das notas em todos os
semestres.
James
jogou sua blusa no amigo.
-Mas
eu não sou bom de basquete.
Travis
tirou a blusa e se levantou, andando em direção a porta do vestiário.
-Boa
viagem de volta pra casa então.
James
se sentiu estranho por ouvir isso, e acabou pensando que isso era o certo, não
havia outra maneira de ganhar outra bolsa.
-Ok
Travis, eu faço o teste.
Travis
se virou sorrindo.
-É
muito simples: você joga a bola no quadrado pintado na cesta, não tem erro. E
não se preocupe com o treino físico, você consegue passar.
-
Eram
vinte e cinco garotos disputando as doze vagas para o time. Eles começaram com
uma pilha de exercícios físicos, que foi se intensificando aos poucos, e depois
para o teste das cestas e alguns passes simples.
James
conseguiu segurar bem nos exercícios, e fazer seis cestas das dez de que
precisava, e também realizou os passes, mesmo que demonstrando inexperiência,
foi até melhor do que muitos que estavam lá.
Era
cerca de onze da noite quando ele chegou em casa, muito cansado depois do
esforço físico que fez. Ele tomou um banho rápido e, ao passar, pela porta do
quarto de Chad, reparou que o irmão dormia profundamente. James pôs a calça do
pijama e deitou na cama, adormecendo logo em seguida.
-
Mal
eram sete horas da manhã e já havia um louco correndo até o ginásio, pronto
para ver se havia sido aceito no time ou não. James mal havia dormido na noite
anterior, tamanha era sua anciedade em saber se havia sido aceito ou não.
Ele
foi correndo até o mural, esperando ver seu nome na lista que o treinador fixou
na parede um pouco mais cedo. James chegou arfando, tentando se acalmar antes
de conferir a lista. Mal começou a ler e ele ficou boquiaberto. “Não, isso não
pode ser verdade”, foi seu primeiro pensamento ao ver seu nome.
Escrito
em negrito, estava bastante fácil ler o que estava na folha: “Monroy, James – Aceito”
Ele
estava no time de basquete. Ele voltou a ter a bolsa de estudos. Ele teria uma
facilidade nas notas que os outros não teriam.
Sim,
James Monroy iria continuar em Brandford. Mesmo que isso significasse não saber
jogar basquete muito bem.
-
No próximo episódio de "Behind The Books"
"-Que tal se eu te pagar um café e então você esquece isso?"
"E aqueles cinco minutos de espera foram mais longos do que ela gostaria... ou precisava"
"-Eu não sei, mas algo me diz que tem muito mais coisa por detrás dessa história do que nós possamos imaginar."
-
Personagem recorrente do episódio:

Tyller Miller
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